Ministério da Saúde está avaliando o caso como "evento de saúde pública grave" - foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arenav%C3%ADrus |
Doença que matou morador de Sorocaba é transmitida principalmente por meio da inalação de partículas formadas a partir de urina, fezes e saliva de roedores infectados
O Ministério da Saúde
confirmou, na noite desta segunda-feira, 20, um caso de febre hemorrágica
brasileira causada por um novo vírus. É a primeira vez em 20 anos que a doença
é registrada no País. O paciente, morador de Sorocaba, no interior de São
Paulo, morreu por complicações da doença no dia 11 de janeiro.
De acordo com
boletim epidemiológico divulgado pela pasta, no caso de Sorocaba foi
identificado um novo vírus da família Arenavírus, do gênero Mammarenavirus, o
vírus Sabiá.
A confirmação do
caso está sendo considerada pelo ministério um "evento de saúde pública
grave" por causa da raridade e alta letalidade da doença. Antes desse
registro, só haviam sido relatados quatro casos de febre hemorrágica viral no
Brasil, o último em 1999.
"Considerando
a família, este vírus pode apresentar alta patogenicidade e letalidade. Este
fator representa um risco significativo para a saúde pública, ainda que nenhum
caso secundário tenha sido identificado até este momento da investigação",
destacou o órgão, no boletim.
Seguindo protocolos
internacionais, o ministério já comunicou o fato à OMS (Organização Mundial de
Saúde) e à OPAS (Organização Pan-americana de Saúde), mas destacou que ainda
não há necessidade de apoio externo de organismos internacionais. De acordo com
o ministério, o paciente começou a manifestar os sintomas no dia 30 de dezembro
de 2019, com quadro de dor ao engolir e no abdômen, náuseas, vertigem e dores
musculares. Os sintomas evoluíram para um quadro mais grave, que incluiu febre
alta, pressão baixa, confusão mental e hemorragia.
Entre o início dos
sintomas e o óbito, o paciente foi atendido por pelo menos três
estabelecimentos de saúde entre os municípios de Eldorado, Pariquera-Açu e São
Paulo, sendo o último o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Todas
as pessoas que tiveram contato mais próximo com o paciente ou suas secreções
deverão ser monitorados por 21 dias, segundo recomendação do ministério,
incluindo parentes e os profissionais de saúde que participaram dos
atendimentos.
As autoridades
sanitárias ainda não sabem como a vítima se infectou. A doença é transmitida
principalmente por meio da inalação de partículas formadas a partir de urina,
fezes e saliva de roedores infectados, os principais repositórios do vírus.
A transmissão de
pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em
ambientes hospitalares, quando não utilizados equipamentos de proteção, por
meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções,
segundo o ministério.
Antes do início dos
sintomas, o paciente esteve nas cidades de Itapeva e Itaporanga, ambas no
interior de São Paulo e que estão sendo tratadas como possíveis locais de
infecção. A vítima não tinha histórico de viagem internacional.
O ministério
informou que realizou, nesta segunda-feira, reunião com representantes de todas
as partes envolvidas no caso: Secretaria da Saúde de São Paulo, Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Hospital
Israelita Albert Einstein e os Conselhos Nacional e Estaduais de Saúde.
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