Entre dezembro e
março é maior a incidência de acidentes escorpiônicos
Falta de predadores naturais nas cidades estimula proliferação de escorpiões - Foto: Agência Nacional de Saúde |
Os
animais peçonhentos, como os escorpiões, aranhas e lagartas, estão cada vez
mais presentes no meio urbano, adaptados ao ambiente do homem devido ao crescimento
acelerado dos grandes centros. O período do verão, de dezembro a março, exige
maior cuidado em relação aos acidentes com escorpiões, pois o clima úmido e
quente é ideal para o aparecimento destes animais, que se abrigam em esgotos e
entulhos.
No
Brasil, a espécie de escorpião que causa mais acidentes, Tityus serrulatus, tem
se expandido para um número maior de cidades, onde até então não era
encontrada. Esta espécie possui facilidade para se reproduzir e colonizar novos
ambientes. Os acidentes escorpiônicos ocorrem em todo o Brasil. Em 2009 o
Ministério da Saúde registrou 127 mil acidentes com escorpiões. Já em 2018 foram
156 mil casos em todo o país, um aumento de 23%. Em relação às mortes, o último
dado oficial é de 2016 e foram registrados 115 óbitos em todo o país.
Os
especialistas acreditam que a falta de predadores naturais no meio urbano e a existência
de locais apropriados para a reprodução de escorpiões, como esgotos e espaços
com acúmulo de lixo e entulho, criam excelentes condições para a infestação do
animal. “Esses locais têm baratas, alimento preferido dos escorpiões. No ambiente
urbano, para evitar a entrada dos escorpiões nas casas e apartamentos, a
recomendação é usar telas em ralos de chão, pias e tanques, além de vedar as
frestas nas paredes e colocar soleiras nas portas. Outra medida é afastar as
camas e berços das paredes, e ainda vistoriar as roupas e calçados antes de
usá-los”, recomenda o biólogo Israel Martins.
Nas
áreas externas, as principais dicas são manter jardins e quintais livres de
entulhos, folhas secas e lixo doméstico. Também é importante manter todo o lixo
da residência em sacos plásticos bem fechados para evitar baratas, que servem
de alimento e, portanto, atraem os escorpiões. Nas casas que possuem gramado,
ele deve ser mantido aparado. Outra recomendação é não colocar a mão em
buracos, embaixo de pedras ou em troncos apodrecidos e usar luvas e botas de
raspas de couro para realizar atividades que representem certo risco, como
manusear entulhos e materiais de construção, e nas atividades de jardinagem.
Nas áreas rurais, além de todas essas medidas, é essencial preservar os inimigos naturais dos escorpiões, como lagartos, sapos e as aves de hábitos noturnos, como a coruja, que são principais predadores dos escorpiões.
Os grupos considerados mais vulneráveis são os trabalhadores da
construção civil, crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro de
casa ou nos arredores e quintais. Ainda nas áreas urbanas, estão sujeitos os
trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros,
por manusearem objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar alojados.
A grande maioria dos acidentes com escorpiões é leve e o quadro local
tem início rápido e duração limitada. Os acidentados apresentam dor imediata,
vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloereção (pelos em pé) e
sudorese (suor) localizadas, cujo tratamento é sintomático.
As crianças abaixo de sete anos apresentam maior risco de apresentar
sintomas longe do local da picada, como vômito e diarreia, principalmente nas
picadas por escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem a
aplicação do soro em tempo adequado.
A recomendação é ir imediatamente ao hospital de referência mais
próximo. Se possível, levar o animal ou uma foto para identificação da espécie,
permitindo assim uma avaliação mais eficaz sobre a gravidade do acidente. É
importante lembrar que não é em todo caso de acidente que o soro será indicado,
e apenas o profissional de saúde poderá fazer essa avaliação. O antiveneno é
indicado em casos moderados ou graves. Limpar o local da picada com água e
sabão pode ser uma medida auxiliar, desde que não atrase a ida ao serviço de
saúde.
Os casos leves, que não necessitam da aplicação do antiveneno,
representam cerca de 87% do total de acidentes. Desta forma, o soro
antiescorpiônico é disponibilizado apenas nos hospitais de referência do
Sistema Único de Saúde.
Fonte: https://www.topmidianews.com.br/geral/ataques-de-escorpioes-crescem-no-periodo-do-verao/103897/
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