Ex-governador nega e diz que vai viver de aposentadoria do INSS
Cabral disse que Pezão foi quem inventou o termo "taxa de oxigênio", como era batizada a propina - Foto: Valter Campanato / Arquivo Agência Brasil |
O ex-governador do
Rio de Janeiro Sérgio Cabral afirmou que seu vice-governador e, posteriormente,
governador Luiz Fernando Pezão recebia propina desde antes do período de seu
governo. Pezão negou e disse ser inocente, vítima de um complô de delações
premiadas. Ambos foram interrogados, nesta segunda-feira, 3, pelo juiz Marcelo
Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, no âmbito da Operação Boca de Lobo, um
desdobramento da Lava Jato.
Cabral foi o
primeiro a falar. Questionado por Bretas se Pezão fez parte da organização
criminosa da qual ele participou e pela qual está preso, Cabral não teve
dúvidas e disse que sim.
“Eu confirmo. O
vice-governador e governador Luiz Fernando Pezão participou da estruturação dos
benefícios indevidos desde o primeiro instante do nosso governo. Desde mesmo da
campanha eleitoral e durante os oito anos em que eu fui governador. Eu
estabeleci, junto com o Pezão, o percentual (de propina junto às empreiteiras) de
5%. (Sendo) 3% para o meu núcleo, 1% para o núcleo dele e 1% para o Tribunal de
Contas do Estado, para aprovação das licitações”, disse Cabral.
Segundo Sérgio
Cabral, foi Pezão quem inventou o termo “taxa de oxigênio”, como era batizada a
propina. O ex-governador Cabral disse ainda que, além desse percentual fixo,
era destinada uma mesada, que chegou a R$ 150 mil, entregue diretamente a ele.
O depoimento de
Cabral durou 1h10. Em seguida, após Cabral deixar a sala de audiência, foi a
vez de Pezão falar, pela primeira vez, a Bretas. O ex-governador, que, após
ficar preso por um ano, atualmente está em regime domiciliar, com uso de
tornozeleira, negou veementemente as acusações feitas por Cabral, fazendo o que
classificou como um desabafo.
“É a
primeira vez que eu estou falando. Eu fui julgado, condenado, preso e nunca
tive a chance de falar. Só tem quatro pessoas que falam contra mim, um grupo
que viveu a vida inteira junto. Estão correndo atrás de benefícios em cima de
mim, quatro pessoas que já estão condenadas. Os maiores construtores do país
estiveram aqui e ninguém falou de mim. Claro que eu sou inocente, eu tenho 36
anos de vida pública, e a única coisa que eu vou ter é a minha aposentadoria do
INSS. É o dinheiro com o que eu vou
viver”, disse Pezão.
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