Funcionários que já atuaram com Carlos Bolsonaro também estão na lista de alvos.
Parte do antigo núcleo familiar do presidente
Jair Bolsonaro em Resende, integra a lista de 95 nomes cujos sigilos bancário e fiscal foram quebrados pela
Justiça do RJ. O município, no Sul Fluminense, é sede da Academia Militar das
Agulhas Negras, onde Jair serviu.
O Ministério Público do Rio suspeita que pelo
menos cinco parentes atuavam como fantasmas ou repassavam parte dos salários
para membros da suposta organização criminosa.
MP diz que 'organização criminosa' em gabinete de Flávio Bolsonaro tinha
'clara divisão de tarefas' e Relatório aponta que senador lucrou mais de R$ 3 milhões com negociação
de 19 imóveis
A TV Globo apurou que a ex-cunhada do
presidente, Andrea Siqueira Valle, irmã da ex-esposa de Bolsonaro, Ana Cristina
Vale, teve a devassa de dados sigilosos autorizada pelo juiz Flávio Itabaiana
Nicolau. Ela é tia de Renan, filho de Bolsonaro.
A ex-mulher não consta da lista.
O
ex-sogro do presidente, José Candido Procópio da Silva Vale, pai de Ana
Cristina Vale, igualmente terá dados sigilosos acessados por ordem judicial.
Duas tias da Cristina, Maria José Siqueira e Silva e Marina Siqueira Guimarães,
ainda estão na lista.
O advogado Guilherme
Hudson também foi alvo da medida. Ele é filho de Ana Maria Hudson, tia de
Cristina Bolsonaro, que também teve a quebra de dados determinada pelo
magistrado.
Guilherme também já
trabalhou na Câmara Municipal do Rio, nomeado no dia 1º de abril de 2008 no
gabinete de Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Posteriormente, ele migrou
para o gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa, assumindo o posto da
própria mãe, que foi exonerada na data.
Flávio
e Queiroz encabeçam a lista
O
Ministério Público fluminense solicitou a quebra – autorizada em 24 de abril de
2019. Encabeçam a lista o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do
presidente Jair Bolsonaro, e o ex-policial militar Fabrício Queiroz, que foi
assessor e motorista de Flávio.
Também
terão suas informações bancárias vasculhadas a esposa de Flávio, Fernanda
Bolsonaro; uma empresa deles, Bolsotini Chocolates e Café Ltda; as duas filhas
de Queiroz, Nathalia e Evelyn; e a esposa do ex-assessor, Marcia.
A decisão da quebra dos
sigilos é do juiz Flávio Nicolau. Segundo o jornal, o juiz afirmou que a medida
é "importante para a instrução do procedimento criminal" instaurado
contra os investigados.
Investigado
foragido
Outros
investigados são Danielle Nóbrega e Raimunda Magalhães, irmã e mãe do ex-PM
Adriano Magalhães da Nóbrega.
O
Ministério Público do Rio aponta Adriano como o homem forte do Escritório do
Crime, organização de milicianos suspeita de envolvimento no assassinato de
Marielle Franco.
O
ex-policial, hoje foragido, é acusado há mais de uma década de envolvimento em
homicídios. Adriano da Nóbrega já foi homenageado por Flávio na Assembléia
Legislativa do Rio.
A ordem judicial inclui
os sigilos de três empresários de origem americana. Dois moram nos Estados
Unidos. Glenn Howard Dillard, Paul Daniel Maitino e Charles Anthony Eldering
são donos de duas empresas ligadas ao ramo imobiliário.
O que
dizem o Senador, defesa de Fabrício e MPRJ
Em
nota, a defesa de Fabrico Queiroz afirmou que "ele e família recebem a
notícia com tranquilidade, uma vez que seu sigilo bancário já havia sido
quebrado e exposto por todos os meios de comunicação, sendo, portanto, mera
tentativa de dar aparência de legalidade a um ato que foi praticado de forma
ilegal", afirmou Paulo Klein.
O senador Flávio
Bolsonaro divulgou uma nota no início da noite em que afirma que a quebra já
tinha ocorrido.
"O meu sigilo
bancário já havia sido quebrado ilegalmente pelo MP/RJ, sem autorização
judicial. Tanto é que informações detalhadas e sigilosas de minha conta
bancária, com identificação de beneficiários de pagamentos, valores e até horas
e minutos de depósitos, já foram expostas em rede nacional após o Chefe do
MP/RJ, pessoalmente, vazar tais dados sigilosos".
No documento, ele diz
que o anúncio da quebra divulgado nesta segunda- feira (13) é uma manobra do
MP.
"Somente agora, em
maio de 2019 - quase um ano e meio depois - tentam uma manobra para esquentar
informações ilícitas, que já possuem há vários meses".
Flávio Bolsonaro diz que
a intenção é atingir o governo do pai.
"A verdade
prevalecerá, pois nada fiz de errado e não conseguirão me usar para atingir o
governo de Jair Bolsonaro."
Mais cedo, o Ministério
Público do Rio de Janeiro divulgou uma nota sobre uma entrevista que o senador
deu no domingo para o Jornal o Estado de S.Paulo em que Flávio Bolsonaro faz
acusações sobre atuação do MPRJ no caso Coaf.
Na nota, o MP afirma que
"repudia com veemência as declarações de Flavio Bolsonaro, proferidas em
entrevista divulgada pelos meios de comunicação social, no dia 12/05/2019. O
MPRJ reafirma que sua atuação é isenta e apartidária, pautada nas normas e
princípios constitucionais, nos tratados internacionais de regência, na legislação
vigente, nas resoluções e recomendações do Conselho Nacional do Ministério
Público e na jurisprudência dos tribunais superiores.
A infundada
representação em face do Procurador-Geral de Justiça, imputando a divulgação de
informações sigilosas, foi sumariamente arquivada pela Corregedoria Nacional do
Ministério Público".
Caso Fabrício Queiroz
Investigações envolvendo
um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou
operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O documento revelou
movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor
do senador Flávio Bolsonaro, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo
depósitos e saques.
Ex-assessor e
ex-motorista de Flávio Bolsonaro movimentou em uma conta o total de R$
1.236.838 entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017. Durante esse
período, Queiroz, de acordo com apontamentos do Conselho de Atividades
Financeiras (Coaf), fez saques em espécie no total de R$ 324.774, e teve R$
41.930 em cheques compensados.
Na época, um dos
favorecidos foi a ex-secretária parlamentar, atual mulher do presidente eleito,
Jair Bolsonaro, Michele de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, que recebeu cheque
no valor de R$ 24 mil.
O presidente eleito Jair
Bolsonaro negou qualquer irregularidade nos depósitos realizados na conta da
mulher dele, Michele de Paula Bolsonaro, por Fabrício José Carlos de Queiroz.
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