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O plano da HBO e da Warner para derrotar a Netflix

Nova plataforma de streaming HBO Max deve trazer sucessos como "Friends" e "Harry Potter" para junto de "Game of Thrones"


A vida da Netflix fica cada vez mais difícil. Já há alguns meses se esperava que a empresa de entretenimento Warner, dona da emissora de televisão HBO, anunciasse uma nova plataforma de streaming para complementar os atuais serviços HBO Now e HBO Go. Agora, a empreitada ganhou nome, sobrenome e data de lançamento: a Warner anunciou na terça-feira, 9, a nova plataforma HBO Max, prevista para estrear no início de 2020 (na primavera do hemisfério Norte, que começa em 20 de março).
Ao contrário do HBO Now e HBO Go, que só possuem conteúdo da própria HBO, o Max terá nada menos que 10.000 horas de séries e filmes vindas das dez produtoras de conteúdo sob o guarda-chuva da companhia-mãe da Warner e da HBO, a empresa de telecomunicações AT&T (gigante que, nos Estados Unidos, vai de operadora de celular a dona de canais de TV). Além da HBO e da Warner, o portfólio da AT&T inclui nomes como Cartoon Network, CNN e TNT.
Havia a dúvida sobre se a Warner vincularia sua nova plataforma ao nome HBO ou se daria a ela uma cara completamente nova. Ao que parece, a ideia é continuar vinculando a imagem à HBO, embora com mais conteúdo.
“Ancorados e inspirados pelo legado de histórias premiadas e de excelência da HBO, o novo serviço será ‘Maximizado’ com uma extensa coleção de programação original e exclusiva e o melhor do melhor do enorme portfólio de marcas e catálogos amados da WarnerMedia”, escreveu a empresa em um comunicado à imprensa na terça-feira.
A Netflix é hoje a atual líder absoluta do mercado e com mais de 140 milhões de assinantes mundo afora, mas depende muito do conteúdo das concorrentes. Com a criação de novos serviços de streaming – e a retirada de conteúdo do seu catálogo – a disputa fica mais acirrada.
A briga pelo assinante e conteúdo é desproporcional. A AT&T teve um faturamento de 170 bilhões de dólares no ano passado, enquanto a Netflix ganhou menos de um décimo do valor, 15,8 bilhões de dólares.

De “Friends” a “Senhor dos Anéis”

Com o anúncio de uma plataforma unificada para as marcas da AT&T, seriados consagrados da HBO como “Chernobyl” e “Game of Thrones” ganharão parceiros de peso.
A Warner e suas produtoras de conteúdo irmãs são donas de sucessos históricos do cinema como a saga britânica “Harry Potter”, “Matrix”, as sagas “Senhor dos Anéis” e “O Hobbit” e os filmes do Homem de Ferro e do Batman. Na televisão, há ímãs de audiência como os seriados “Friends” e “Pretty Little Liars”. Nomes da própria HBO, como “Sex and the City”, que atualmente não está disponível na plataforma de streaming no Brasil, e no exterior é exibido na internet pela Amazon, também podem compor o HBO Max. 
Esses nomes, até agora, estavam espalhados nas plataformas de streaming concorrentes, como a Netflix e o serviço de vídeo da Amazon, disponível para os assinantes do Amazon Prime. A Warner começará a partir de agora um movimento de tirar o conteúdo das rivais.
A primeira “vítima” foi Friends, cujos mais de 200 episódios vão sair da Netflix rumo ao HBO Max. Já foi anunciado que a série Pretty Little Liars também vai deixar a Netflix no fim de julho.
Em seu perfil oficial no Twitter, a Netflix dos Estados Unidos fez uma postagemlamentando a saída de Friends. Por ora, não há previsão de quando a mudança acontecerá no catálogo brasileiro. A Netflix havia pago no ano passado 100 milhões de dólares para manter Friends de forma exclusiva em seu catálogo em 2018, mas o contrato acaba no fim deste ano.


A dura vida da Netflix

Será uma briga difícil para a Netflix, pioneira no mundo do streaming de vídeo e que até agora reinou praticamente sozinha. O conteúdo das concorrentes, como Disney e Warner, representa 40% de todo o tempo gasto pelos assinantes da Netflix na plataforma, segundo dados de um relatório produzido pela consultoria americana Nielsen para o jornal americano The Wall Street Journal.
A série mais assistida, “The Office”, também está de saída da Netflix (a série não está mais disponível no catálogo brasileiro) e deve ir para o serviço de streaming do canal de TV americano NBC. A Netflix ainda pode fazer um acordo para tentar manter a série, o que pode custar ainda mais que os 100 milhões de dólares pagos por Friends.
Outros conteúdos devem deixar a Netflix em breve. A Disney vai lançar ainda neste ano seu serviço próprio de streaming, o Disney+, e, com isso, tirar suas animações do catálogo da Netflix.
Em seu novo serviço, a Disney terá de animações da Pixar (como “Up” e “Divertida mente”) a personagens icônicos que vão do Mickey às princesas e o leão Simba, incluindo os novos filmes live action lançados recentemente. A Disney também tem direito sobre os filmes da Lucasfilm, dona da saga “Star Wars”, mas não poderá transmitir os seis primeiros filmes até 2024, quando se encerra um contrato com a Turner.
A Disney ainda deve manter o Hulu, serviço de streaming que ganhou após a compra da 21st Century Fox em dezembro de 2017. O Hulu funcionará como plataforma separada e com conteúdo para adultos, enquanto o Disney+ terá apenas conteúdos infantis e adolescentes.
O serviço da Disney, por ora, terá a assinatura mais barata dos Estados Unidos: 6,99 dólares por mês, ante 12,99 da Netflix e 14,99 dólares do HBO Now. O HBO Go vem gratuitamente para os assinantes da HBO na televisão e a Warner ainda não anunciou quanto o HBO Max custará.
Para convencer os milhões de assinantes a permanecerem, contudo, a Netflix vai apostar em seus sucessos próprios já consagrados como “House of Cards”, “Stranger Things” e “Orange is The New Black”, e na produção de novas séries e temporadas.
Em 2018, a empresa afirmou aos investidores ter gasto 12 bilhões de dólares na produção de conteúdo próprio (35% mais do que em 2017), e a expectativa é que esse número chegue a 15 bilhões em 2018.

Na HBO, a saída para viver sem Game of Thrones

Com o novo HBO Max, o HBO Now e o HBO Go, atuais serviços de streaming da HBO, devem ser extintos em breve, embora o comunicado da Warner não diga nada a respeito.
Com o fim da premiada série Game of Thrones, a expectativa era que ficasse cada vez mais difícil para a HBO atrair sozinha assinantes que pudessem fazer frente aos rivais cada vez mais competitivos.
No ano passado, durante a sétima e penúltima temporada da série Game of Thrones, a HBO viu seu número de assinantes (na TV e no streaming) subir nada menos que 91%, de acordo com a empresa de medidas de audiência Second Measure. O problema é que, seis meses após o fim da temporada, mais de 70% desses novos assinantes haviam cancelado o serviço. 
Os usuários do HBO Now são duas vezes mais propensos a cancelar sua assinatura quando uma série específica termina em comparação aos clientes de outros serviços de streaming, segundo uma pesquisa da consultoria Mintel. 19% dos usuários cancelariam o serviço da HBO, ante 9% da Netflix e 10% da Amazon Prime.
fonte:exame

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